quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O AMOR PODERÁ SALVAR A HUMANIDADE??




O AMOR PODERÁ SALVAR A HUMANIDADE??
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Uma das leis de Gaia trata-se da velha máxima que diz: "bicho acuado ataca!!".
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É preciso compreender um pouco do processo histórico de confecção do chamado "Novo Mundo". As grandes navegações mudaram drasticamente a diversidade da existência humana enquanto possibilidade.
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Cabe ressaltar que na modernidade sagrou-se vencedor o projeto ocidental de civilização, que tem em suas bases o modelo capitalista enquanto "espírito de seu tempo".
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E com o aperfeiçoamento das formas de produção tivemos grandes mudanças dentre a percepção de temporalidade nas questões individuais e nas relações sociais. Mesmo trabalhando menos horas por ano e produzindo mais, numa comparação com nossos antepassados do início do século 20 e final do 19, temos a impressão de que estamos mais pobres e menos felizes que eles.
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Como ironizou o vídeo daquele comediante: "Na escravidão não existia desemprego!!".
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Mas será que esta questão condiz com a realidade atual da civilização humana??
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Vi certa vez um artigo que apontava uma leitura interessante: Ele afirmava que passamos pelo período da história da humanidade com o menor número de conflitos internacionais, ou seja, o período de maior paz no mundo. 
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A questão é que temos a massificação do processo educacional, um maior número de pessoas graduadas e de certa forma adquirindo mais informação e tendo um arcabouço crítico maior na avaliação dessas informações. Com isso, fatos sociais tais como uma criança fora da escola não são mais toleráveis como antes.
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Ou são??
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As promessas iluministas de uma sociedade evoluída materialmente, intelectualmente, moralmente e antropologicamente não se concretizaram, pelo menos não para todas as pessoas. Não equacionamos a riqueza de recursos em nosso planeta, muito menos avançamos para o fim da fome, das doenças, da miserabilidade. Produzimos comida para 13 bilhões de pessoas e com uma população de quase 8 bilhões ainda permitimos que 2 bilhões passem fome (ou mais).
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Em terras de Pindorama, os pobres passam muito tempo trabalhando para sustentar os ricos e a classe média, onde esta é mantida sob ataque constante do aumento da ganância na forma de concentração de renda, passando pelo pavor de ter que abrir mão da empregada doméstica para lavar-lhes a privada e ter que se locomover via transporte público pela impossibilidade no preço dos combustíveis. Mantém com isso uma identificação com o estilo de vida dos ricos e seus privilégios, massem descartar também aquelas e aqueles que tem a formação necessária e o ócio possível para tentar construir um discurso de resistência dentro da guerra semântica da pós-verdade.
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E nos parece que a época atual fez recordar, ainda que de maneira sonolenta, acerca dos métodos com os quais esta nação forjou-se, pois, com sangue nas mãos, à base de assassinatos, estupros, escravização, tortura, ódio; instauraram-se os privilégios e internalizaram-se valores que a meu ver soam como naturais no peito dos dominadores e dos dominados.
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Mesmo sendo a nação com o maior número de adeptos ao cristianismo, sua grande maioria adoecida por uma leitura equivocada e oportunista do livro sagrado, conduzida por líderes que mantém ideologicamente e ou politicamente distantes daquilo que em tese deveriam defender, percebe-se que onde se lê "amai ao próximo como a ti mesmo", o que sai como interpretação é "bandido bom é bandido morto", mesmo tendo o filho da Divindade, segundo o cristianismo, tombado numa cruz destinada aos ladrões. 
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A grosso modo, com a escravização da mão de obra dos povos orientais, o genocídio dos povos árabes, africanos e sulamericanos, e em nossa época atual, a partir de um pressuposto sionista, neocolonialista global, temos do ocidentalismo o resumo da ópera na guerra entre dois deuses:
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O personalista, vaidoso, interventor, beligerante, que mata primogênitos sem mudar de roupa, o deus para ser temido, que produz escravos e eleva os senhores, o deus do Velho Testamento.
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E do outro lado do ringue, pesando apenas dois milênios, o deus que não perdoa, até mesmo pq ele não julga; a divindade que bebeu nos outros milhares e milhares de deusas e deuses do oriente; o deus sol, a divindade do amor incondicional e da solidariedade.
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Numa outra leitura, dentre as várias possíveis, podemos nos aprofundar a partir do desencantamento da época sem deuses – ou de sua morte – onde a racionalidade humana abarca o esquecimento de sua origem, onde aprofunda-se ainda mais a cultura enquanto vocação de negação da natureza.
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Mesmo com a bios sob ameaça latente, a égide do niilismo nos envolve de maneira avassaladora, sendo que caminhamos para um abismo de um tempo sem futuro, apontando para o universo um rumo sem volta para a vida na terra.
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Eis que o amor pressupõe o humanismo, mas não nos desloca da rota de colisão com outras das possibilidades que se tem em ser humano. O sapiens sapiens lançado a uma vida sem sentido, no que tange o racionalismo, vê-se frente ao espelho em completo desespero e sem alcançar dentro de si forças possíveis para reverter o jogo político do atual projeto civilizacional. Oscilamos entre um populismo de privilégios e um autoritarismo sádico.
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As bolhas do “Admirável Mundo Novo” toleram tão somente servos e escravos, de prontidão para os senhores do mundo, que tomaram para si a bios e os destinos de bilhões. E aos poucos observa-se nas zonas de conflitos intermitentes os interesses escusos da necropolítica, num sem fim de estratagemas a manter os mais pobres e frágeis sob a beira daquilo que nos remete a “Mad Max”.
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Lançaremos ao abismo nossos velhos com alzheimer, os aidéticos, os autistas, os portadores de limitação física, os miseráveis, os refugiados, os enlouquecidos, os deprimidos??
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Meu Querido Professor interpelou-me sobre um aspecto simples que me fugia: “Os que pensaram este mundo estão mortos...” 
E nos é possível a partir de princípios humanistas, metafísicos, coletivistas, libertários, revolucionários, anarquistas, nos desconectarmos da matrix para voltarmos a olhar para Zion??
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O animal político tem fome e seu canibalismo nos parece sedento a sangue e a princípios tecnologizantes de uma inteligência artificial que vem para servir ao espírito do tempo moderno, mas que também podem nos oferecer mecanismos de resistência frente a barbárie.
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Caberá ao Amor, ao Orientalismo, ao caminho do meio de Budha, às folhas sagradas de Pacha mama a reminiscência daquilo que nunca fomos??
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Creio que não haverá outra saída.
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Estaremos realmente prontos para o Amor Universal??
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Como disse a personagem daquele filme de uma madrugada solitária, permeando e inebriando os devaneios e a esperança de um poeta "realista esperançoso", como diria Suassuna: “Há de se permanecer a enxergar a Beleza Oculta!!”
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30.08.2019