Black’s: free day (?) Indigence every day Slavery, death and destruction Monday through Friday Lower castes kill a lion per minute The google translator helps me not evade the issue We are all one In the checkout line with cold Our unlimited credit card To purchase an inflated ego Make the sign of the cross, type the password, ask jesus: Thanksgiving day the TV, the I-fuck, and the right not to be 7L
Em contraste ao estigma pseudo-midiático de que o Brasil é um país pacífico, de um povo alienado politicamente, estático e acéfalo, gosto da constatação do Professor Boaventura Souza Santos que além de cravar o conceito de recepção versus a epígrafe da alienação, afirmou que o Brasil é um país de atividade política popular intensa - vide os inúmeros movimentos sociais dispostos por todo o território brasileiro.
No transcorrer de toda a estória de formação do país Brasil, os confrontos entre a população insatisfeita, grupos separatistas, guerrilhas, quilombos, bolhas pós-modernas de combate social, hackers, punks e insurgentes contra o estado oficial, é dado e fato estórico. Na base de nosso povo está a diversidade, tanto de opiniões quanto de origens, perspectivas, mas sempre atrelados a uma miscigenia congruente onde o contraste não é execrado ou ignorado, é o composto de todo dia-a-dia de quaisquer brasileir@s.
Caras pintadas, pró-cotas, anonymus, pastorais da criança, pré-universitários alternativos, grafiteiros, grupos de capoeira, igrejas evangélicas que distribuem comida nas madrugadas frias dos postos de saúde, casas de Umbanda que recolhem roupas e alimentos para os mais necessitados - onde está essa apatia política tão conclamada acerca do povo brasileiro???
Minha formação política na década de 90 passou por grupo de jovens católicos, movimento hip-hop, pré-universitário alternativo voluntário, movimento sindical, movimento estudantil, violão e fogueira ao som de legião urbana, cazuza e mais a frente, O Rappa, Rage Against the Machine, Chico Science e Nação Zumbi. Existia uma aura de transformação acerca dakela geração, um presidente operário foi posto no poder, um desejo de mudança imperava a todas e todos, enfim, boa parte de nós "urbanistas" alcançamos a "crasse mérdia", o acesso a bens de consumo, cartão de crédito, universidade pública, carros parcelados. E onde foi que nós chegamos com tudo isso???
Observo com muito orgulho minha guria de 14 anos querer ir para rua nas atuais manifestações, pois, segundo ela "o que eu vou dizer pro meu filho mais a frente, que eu não estava lá?", e vejo que antes de dizer que isso tudo não vai dar em nada, antes de chamar essa gurizada de emo, de caretas, de micareteiros, temos que observar que o Brasil é o país dos encontros, de etnias, povos, gerações, desejos, preconceitos, perspectivas, sonhos. O transporte coletivo das metrópoles brasileiras reflete muito do que não queremos enquanto sociedade: um lugar abatalhoado de gente imprensada e solitária, olhos perdidos e cansados, um gosto de "sem direito", um véu de navio negreiro, gélido, individualista, tanto quanto o menino Thor e sua mc laren possante, isolado, sem amigos baratos...
A geração Y, tão criticada por seu isolamento socio-virtual, seus games e memes, sua alienação política ( o que chamaria de descrença) coloca na cidade de vitorinha, capital do Espírito Santo, um dos estados mais conservadores e beligerantes do Brasil, cem mil pessoas em uma manifestação dita "sem liderança", a-partidária, cobrando mais do que 20 centavos, cobrando visibilidade, responsabilidade, profundidade e principalmente, reconhecimento e diálogo.
O Cantor Marcelo Falcão, ícone político dos jovens pós renato russo de minha geração, após o estardalhaço do jingle midiático para uma propaganda de carro implodir um sentimento contagiante, que mistura carnaval (lembrando que o carnaval, além de ser festa da carne, era o momento em que a pólis zombava de seus governantes [com a devida autorização] publicamente), micareta, ativismo político, esperança e uma resposta a tal alienação e nilismo latentes de uma geração o qual muitos diziam que não sabia pensar, responde, o tal cantor, que só colocou a voz no jingle, só isso....tsctsctsc Falcão, que alma mais desarmada a sua!!!!
Com o fluxo cada vez mais intenso de informação e anseio, vejo jovens disputando o pleito político institucional, forçando as pessoas a pensarem, a tomarem partido, a saírem de cima do muro, questionando a uniformidade do discurso, questionando o distanciamento das demandas oficiais com os sonhos e anseios da população.
Não acredito que no Brasil, realmente queremos o fim do pão e do circo, da copa do mundo e do carnaval, ao contrário, pão com presunto é uma dilicia como diria o chaves e o circo é uma das manifestações mais geniais da arte - ser palhaço não é pra qualquer um!!!!
Mas queremos o diálogo, o respeito, que as responsabilidades sejam assumidas e não somente o anseio individual hiper estimulado...
Me entristeço em ver uma liderança mítica do naipe de Falcão deixar vir a tona o seu lado mais comum, mais humano, retirar o personagem de nosso imaginário, de nossos sonhos, mas me orgulho em ver um garoto, tão zuado, hostilizado e até odiado por alguns, pedir a camisa 10, a camisa da tradição, a camisa de Zumbi e de Pelé, a camisa de quem resolve e dizer antes do jogo contra o méxico que se inspira nas ruas para entrar em campo, que quer um país melhor, mais justo e mais honesto para com as pessoas, palmas a Neymar, que atingiu seus sonhos e não foge de suas responsabilidades....
Espero que os Midas não tenham mais o sono tranquilo, que as raposas políticas continuem na espreita pois o Gigante não acordou, isso é jogada midiática, é tag pra boi durmir, vá as ruas, nós sempre estivemos e estaremos lá, mas o grito dessa geração foi por reconhecimento, identidade, diálogo, comunicação, respeito, canal aberto, um grito pra ficar na memória, pra fazer história!!!
Emmanuel 7 Linhas
(Literalmente balançado com o balanço da terceira ponte, e que sejamos pontes - sem pedágio!!!)
P.s.: resolvi publicar esse texto um ano depois da manifestação de junho por influencia da obra de Criolo, tocado pela voz das ruas.
BOCA DE FUMO LOCALIZADA NA PERIFERIA DOS SONHOS BUSCA PROFISSIONAL HABILITADO PARA VENDAS EXTERNAS DE ENTORPECENTES NO VAREJO
Requisitos:
- Saber as 4 operações básicas da matemática (soma, subtração, adição e divisão);
- Ter dinamismo, boa comunicação e visão periférica;
- Ter péssima apresentação, pouca tolerância e rispidez elevada;
- Saber o significado da expressão "pernas para quem te quero";
- Boa pontaria;
- Disponibilidade para trabalhar sob regime de escala;
- Ter advogado.
Benefícios:
- Rendimentos diários acima de 300 reais;
- Um olheiro par auxiliar o trabalho;
- Alguns policiais arregados para avisar quando forem tomar a boca;
- Poder experimentar o produto vendido;
- De cada 15 pedras de crack vendidas, o valor sobre 4 é seu;
- Seguro contra guerra de traficantes;
- Morrer jovem;
- Sexo, alcool, armas a disposição;
- Ser "respeitado" pela sociedade;
- Passagem direta para o inferno
Assim como o sândalo perfuma o machado que lhe feri Fui desmascarado por mim mesmo: Minha natureza é má! Escrevejo para de-monstrar o quanto sou ruim sendo eu mesmo Ao mínimo não mais me obrigo a esconder O mar de egoísmo com o qual me movo, nadando a braçadas
Sou eu o cerne do meu sadismo Ninguém tem culpa de nada A minha crueldade é tamanha que me surpreendeu Não reclamaria se o machado da justiça ceifasse meu pescoço
Meu espírito nunca existiu Por mais que um labirinto de espelhos eu refletisse a filosofia vã Acordo pela manhã sempre insatisfeito Rezo a noite por covardia
Nunca entendi bem a preguiça em tentar ser melhor E minha solicitude em parecer ser bom Agora todos os espinhos se encaixam Percebo o quanto tentei disfarçar meu podredor, meu fel, minha navalha afiada
Sou tão qual leviatã Filho do Pai da mentira Fraco como o fio da verdade Que nos une a esperança do amanhã
A irresponsabilidade da vontade Quis ser bom de coração Pisando em delicadezas da ilusão Mascarando o meu descuidar com quem me amou
Tudo se acabou, ao tempo que nada existiu Nem farsa, só gélida e tácita crueldade Para o louco o normal diz: farsa!! O sol podia me facilitar o trabalho se suicidando
Tive tudo mesmo sendo cáustico Vazio de sentidos e piedades Ainda tenho medo da morte e me dou o luxo de pagar as contas Peço desculpas e ajudo os pobres
Sinto pouca culpa Solidão Assino com seu sangue minha rúbrica Bálsamo sagrado do inferno dos que nunca são
Emmanuel 7 linhas foto: Tati Hauer Show Pó de Ser Emoriô / Festival de Inverno de Domingos Martins - ES Maquiagem: Samir Oliveira
foto: Oficina de Rap "A Gênese da Rima" - Flexal 2 - Cariacica / ES - Coletivo Aprender Cultura
Por Emmanuel 7 Linhas
Introdução
A sigla RAP está basicamente ligada a “Ritmo e Poesia”, podendo encontrar outras definições e origens de acordo com a pesquisa e a fonte. O RAP, é junção entre o texto e o ritmo, entre o DJ (Disk Joquei) e o MC (Mestre de Cerimônia), no que tange a compor o viés Musical principal do Movimento Hip-Hop.
O Movimento Hip-Hop é um desdobramento cultural de resistência da diáspora africana, no contexto da modernidade; reúnem-se componentes artísticos, políticos e históricos em torno da luta pelos direitos civis das minorias políticas excluídas. Tem a origem, enquanto produto cultural, atribuída ao DJ Jamaicano Kool Herc e no processo migratório dos Jamaicanos e seus “sound systems” para os guethos de Nova York durante as décadas de 60 e 70. Vale destacar que estruturas similares ao RAP, tais como repente, embolada e outros gêneros mundo a fora são bem mais antigos do que tais eventos, porém a junção do eletrônico com um discurso político e artístico de Negros e Negras, Latinos e Latinas e outras minorias brota desse momento histórico. É, juntamente com o Movimento Negro, um dos maiores eventos sociais de resistência da diáspora africana no Século XX, organizando luta, busca por conhecimento, ações de empoderamento, através da formação intelectual e da arte engajada.
O Hip-Hop, no Brasil, começou a se popularizar a partir da década de 80 em São Paulo, e sempre fora apresentado através de 4 braços ou elementos distintos: O Break, O DJ, O MC e O Graffiti, onde com o avanço e as especificidades da luta da periferia brasileira, tanto para melhorar suas condições de sobrevivência, quanto para se aplicar ações artísticas de conscientização para com essa luta, fez o necessário surgimento do 5º braço, O Político, atuando na orientação ideológica e produção cultural. Podemos destacar também que com o passar dos anos o movimento Hip-Hop, especificamente em se tratando de Brasil, ganhou a inserção do Cinema, da Pedagogia Libertária ou Pedahopia, da Literatura Marginal, assim como o Beat box, enquanto importantes aspectos característicos de sua cultura.
Elementos musicais para a construção de um RAP
O RAP é um discurso rimado que se difere da simples declamação poética e do repente, por sua métrica, por seu ritmo e por sua desenvoltura, chamado “flow”. A rima pode ter o acompanhamento de uma base eletrônica original, um “sampler” (recorte de uma música conhecida), o acompanhamento orgânico de instrumentos musicais, o Beat box ou de quaisquer mecanismos que possibilitem a marcação da métrica da rima e enriqueçam harmonicamente o RAP, assim como pode ser desenvolvido a capela dependendo do efeito que se quer dar. A Base é composta por compassos, marcada com variações de grave e agudo, mais comumente bumbo e caixa, quando uma base eletrônica, visando a cadência do flow:
a) Tum+pá Tumtumtum+pá Tum+pá Tumtumtum+pápá b) Tumtum+pá Tumtum+pá tumtum+pá Tum+pátum+pá
Elementos poéticos para a construção de um RAP Um RAP, por ser poesia, possui versos e estrofes em sua estrutura, que auxiliam na construção e fixação da idéia, sendo verso cada linha do RAP e a estrofe o conjunto dessas linhas.
O mais comumente usado são as estrofes com 4 versos, onde o primeiro verso pode rimar com o segundo e o terceiro com o quarto – AABB, ou também o primeiro com o terceiro e o segundo com o quarto – ABAB, não sendo necessariamente uma regra absoluta.
ABAB:
“Minha intenção é ruim / esvazia o lugar / Eu tô em cima, eu tô afim / um dois pra atirar Eu sou bem pior / do que você tá vendo / O preto aqui não tem dó / é 100 por cento veneno...”
AABB: “Aqui estou, mais um dia. Sob o olhar sanguinário do vigia. Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK...”
Começando um RAP
Um RAP nasce da inspiração, da leitura, da pesquisa e da audição de outros RAP’s e gêneros musicais.
Algumas dicas:
1- Tenha um caderno de rimas
Tenha sempre papel e caneta a mão, a inspiração pode surgir do nada, no meio da noite, no meio da aula, no ônibus, em uma conversa; gravar no celular também é excelente, principalmente se você já tem o hábito de escrever o verso ritmado.
2- Seja sincer@ e pense profundo
Um bom RAP nasce do coração e atinge o coração das outras pessoas. Mesmo que ele tenha um viés engraçado, ou político, ou gangstar, ele necessita ser original para ser valorizado, por isso tem que ser bem pensado (pensar é ruminar), escrito e re-escrito. Pense no tipo de emoção que você quer causar nas pessoas, e nunca, nunca utilize letras que não são suas - no RAP principalmente, é muito difícil a prática de cover, principalmente pelo fato de que cada MC tem seu estilo e o deposita na letra, além do que a maioria das letras são relatos pessoais d@s artistas, por isso muito cuidado na utilização de rimas conhecidas.
Para que alguém escute o que você tem a dizer, você precisará trabalhar duro, ter calma e entender bastante do processo de composição de um RAP. Para escrever bem é necessário estar atento a boas idéias, ler matérias interessantes, que lhe tragam conhecimento para a sua vida e não só para a sua rima, ouvir músicas de variados estilos, principalmente com uma cabeça de compositor e não de público, pensando na intenção de quem fez tal música na hora de criá-la. Para ser um grande poeta não há faculdade, a grande maioria dos artistas populares brasileiros do início do século XX tiravam a sua poesia do cotidiano, do dia-a-dia, mas isso não quer dizer que eles não estudavam, pois, a maior escola que existe é a vida. Porém, nos tempos atuais você vai ser julgado pelo conteúdo e forma com o qual você escreve, por isso, ler bons livros só vai auxiliar-lhe no processo de construção de seu RAP; escutar músicas antigas, de gêneros musicais brasileiros e estrangeiros, analisando a riqueza poética de tais obras também são de grande importância; não se limite somente a audição de RAP ou escutar só o grupo que você gosta, pode fazer com que você se torne somente em sua composição uma cópia mal acabada de um grupo ou MC famoso, por isso é importante ouvir estilos e artistas diferentes. Outro ponto importante dentro do RAP é respeitar o direito do outro em manifestar suas idéias, pois o RAP surge da ausência de vozes que defendessem os excluídos, por isso, mantenha a mente aberta para outros compositores, assim também como para outros estilos. O Hip-Hop é além de tudo o grito dos excluídos.
Exemplo:
LIVRO “Hip - Hop a Lápis - Literatura do Oprimido” FILME “Malcom X”
Em vários sites da internet, tais como o Youtube, você encontrará bases disponíveis para o exercício da sua rima. Baixar programas em seu computador ou procurar DJ’s, produtores iniciantes, assim como parceiros de composição também auxilia o conhecimento. Leve em consideração a velocidade da base (bpm) em relação ao que você quer aplicar em seu RAP.
Construindo O RAP na prática
Pois bem, mãos à obra!!
Uma estrutura básica de RAP pode conter: - Introdução - A1 -A2 -Refrão -A3 -A4 -Refrão
Não existe uma forma inicial para se começar um RAP, mas em se tratando de um processo de formação, pode-se tomar como referência essa estrutura básica. Um RAP pode também começar pelo refrão, como pode não ter refrão nenhum, sendo que ele deve ser o coração do seu RAP, caso seja usado.
Exercitando RAP
-Primeiro, escolha um tema. Por exemplo, o tema pode ser a cidade onde você mora;
-Defina uma frase inicial com dois versos e faça uma rima correspondente com outros dois versos, fechando a primeira estrofe; “Eu moro em Cariacica / e não to de bobeira Essa é minha cidade / Moro aqui a vida inteira”
Essa estrofe inicial não precisa necessariamente fazer parte da música, ela só vai sintetizar o tema do seu RAP, para que você possa ou a partir dela criar um refrão, ou pensar em como você vai desenvolver a sua idéia.
-Agora pense em como você irá iniciar sua letra utilizando algo que remeta a essa idéia central;
-Escreva a primeira estrofe com 4 versos;
“Cariacica, / cidade da grande vitória /Onde estão os meus pais, / meus avós, minha história”
-Leia somente a idéia inicial, como se fosse um refrão e depois leia a primeira estrofe;
Você pode ir anotando rimas que você acha que vão ser interessantes para a sua letra:
Cariacica – Itaparica – rica – fica a dica – larica Cidade – verdade – intensidade – necessidade – variedade
-Outro ponto importante para qualquer texto desenvolvido, seja ele poético ou não é não ficar repetindo palavras ou no contexto do RAP o que é chamado de “emendas”
“se liga então”
“tipo assim”
“pode crer”
Só se esse for um artifício do seu refrão, mas no discorrer da sua letra pode deixá-la pobre.
-A partir da segunda estrofe, leia para você desde o início e fique repetindo, até ir construindo outras estrofes;
Um RAP não tem um tamanho definido, podendo ter 9 minutos de duração assim como 1 minuto só. O importante é que sua mensagem fique bem fixada.
Depois de concluída a letra faça 3 gravações de voz em cima da base, que pode ser uma base simples ou um metrônomo.
É importante procurar um DJ ou produtor experiente para dar uma escutada antes de lançá-la, assim como o intercâmbio com outros MC’s, ir a eventos do gênero contribuem.