sexta-feira, 4 de novembro de 2016

DOIS TOQUES

  
 
 
DOIS TOQUES

Não me apetece:
Calor excessivo
Frio intenso
Cio sem trigo

Faz, conforme ilusão
Infinito
Nasce só
Morre só

A lâmina afiada do tempo fatia-nos:
Chronos, Ethos, Eros
Corta coração duro
Derruba o moleque de cima do muro

O rancor e a extremidade cessam
Diabetes! (não tolera doce)
O pior inimigo é o espelho
O escaravelho é vermelho, taciturno

Habita o túmulo da solidão
Vive sol
Agi sol
No púpito insípido do cerne

Enquanto não se entrega aos vermes
Rumina
Mede teu passo
Guarda tua voz

Ao patinar no asfalto
A fome é feroz
A dor é implacável
O riso é só espasmo

Os abutres ao teu lado na roda
No samba do norueguês esquizofrênico (criolo doido samba pá carai)
Querem beber tua alma
Vos convido a bailar

Calma lá
Dois pra cá
Dois pra lá

Como dizia Pelé, O Rei da  Monarquia Afrocentrada Tropical;

Calma lá, são só dois toques!


7L

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

POEMA NEGRO



POEMA NEGRO




Para uma mulher negra ou um homem negro

A arte é seu luto
É a forma de conversar com seus ancestrais
É o choro contido por seus mortos

É a dor da perda
A saudade pela ausência, pela distância
Que não é medida em metros, mas em séculos

Batemos forte nos tambores
Pois é o sentimento transmutado e externado das crianças escravizadas
A arritmia em seu peito ao serem separadas da mãe
Seja no pelourinho ou na árvore do esquecimento

Cantamos alto e grave
Pois nosso choro tem afinação
E quando nos sentíamos sozinhos
Mãe Oyá, em meio à tempestade, falava conosco
Nos enviando seu trovão!!

Nossos corpos sinuosos
Estão sempre fugindo do olhar maligno escravagista
Driblando os obstáculos da selva
Desenhando através de sua beleza o nosso desespero
Por isso não somos um balé de cristal e sim um pulso sanguíneo e erótico

Somos a celebração da vida e a luta contra o banzo e a morte
Por sorte, nossas mãos são boas para a plantação e para o artesanato
Moldam no pensamento os seios fartos de África
Abraçam o mar de OdoYá e os rios de Osún 

E nosso olhar brilhante e atento é o cordão umbilical
Que irá nos conduzir de volta ao templo de Aruanda
Onde faremos os corpos de nossos inimigos tremerem mais que um terremoto
E seus sorrisos cínicos desaparecerão de seus rostos
Suas famílias e suas riquezas murcharão
Até que nossa arte lhes provoque uma lágrima a escorrer-lhes por dentro

E a nossa beleza será a nossa redenção
E a nossa arte será o vosso perdão.
Asè Ilê


Emmanuel 7 Linhas
29 de Fevereiro de 2016
Vitória, Espírito Santo

quarta-feira, 1 de abril de 2015

PRÓ-CURA-SER

Escrevo cartas de amor ou de despedida
Canto canções de ninar e embalo também marchas fúnebres
Troco fraldes
Troco resistências
Faço bariátrica em olho gordo
Mastigo aparências
Rumino vertigens
Tenho fé nas pessoas
As pessoas tem suas fezes
Espremo rosas
Cultivo espinhos
Lavo pra dentro
Cozinho febres
Vendo dorgas
Minha casca, minha vida
Corretor de suspiros
Faço mudança
Há fre(n)te
Choro em velório a prestação
Monto e desmonto carmas e guarda-culpas
Limpo quintais - mato por encomenda!
Concerto fulgas
Trago a pessoa amada de volta em sete dias...
...esquartejada!

7L

AMOR TECE






O Amor a Morte amortece
O Amor tece a Vida
O Mar tosse à Morte
Linha tênue
A Vida e a Morte

A Morte liberta o espírito

A Vida tem a Morte à tez
O Mar é fonte da Vida
Centrífugo movimento
Ausência do Amor é varizes
Presença da Morte é certeza
O Amor renova os dias
A Morte silencia a noite
A Vida se renova
O que nos mata nos faz renascer

7L

sábado, 7 de fevereiro de 2015

IN PÉ-RA DOR: WAI'AMUNS - MANABI SABE




O facebook é do diabo
(H)á família é a luz da verdade (?)
Um tapa dói
No espelho da vaidade

Um espirro de crueldade
Uma montanha de defuntas - nossas mães, irmãs, filhas, mulheres
Em quaisquer DDD's
Soldado: Direita Volver!

Em estado de terminal homossexualidade
Vitória não tem copo
Na lente de aumento do Espírito Santo
Vejo corpos estirados no zap-zap

Crack-boom
Na boca seca
Eu rio doce
Não vale água (santa maria!)

Vai tomar na Cul
Tura tureza
Um teco de Pó Preto - 67% o PH de pureza
Um galão de aço éssaci assassi assaz ce lor

IN PÉ-RA DOR: WAI'AMUNS MANABI SABE!


Emmanuel 7 Linhas

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

7Lee



Onde moro
Vale mais comprar um carro
Que plantar uma árvore
Vale mais um "like" que doar sangue
Andar de nike é melhor que um filme do Spike

Lee, nem ler, nem ouvir Rita Lee ou se inspirar no Bruce Lee
Ritalina, Lamivudina
Rivotril, Prosac
Maconha não
Cachaça da roça
Crack na cidade
No campo

Ao redor do Santo, o pranto
Dentro do prato, sangue
Na mão, calos
Na boca mordaças
Gastos sapatos
E ninguém vai de bike

7Lee

terça-feira, 20 de janeiro de 2015





MALEMBE (CIRANDA NEGRA)


Estórias, memórias, contam estórias de glória,
foram arrancados assim, povos de toda Benim,  [2x]

Sudão , Nigéria, Angola,
Moçambique
Pra nos dizer alambique, moleque a todo pique,
Brincar de pique de roda ciranda...

Cirandinha vou cirandar,
Obá, Obatalá,
Olodum, Afoxé
Manos de fé Asé
Bater tambor, Candomblé
Bater cabeça, Gongá
Umbanda de Oxalá

Quimbanda...
Muito respeito a cultura
Mitologia Africana

Malembi Zambi criador e a todos Orixás
Obalaô, ato to o Babá,
Ato to Obaloae,
Xangó, Orixalá
Oxossi é rei das matas lá - do Juremá

Ogum é de Lei, Ogum é de lá, a Banda da Esquerda e da cachaçá...
Farofa, firmeza, força que nos vai - Guiar

Não vem me dizer
Chega de êke
Seu ponto de vista não convêem
Minha religiosidade é meu bem

Vértice multilateral, de minha riqueza cultural
Não me venha com o bem,
Não me venha com o mal
O seu cartão de crédito é o seu ritual

Mojubá, mojubá
Povo de Aruanda
Iabá, Iabá
Epa Epa Babá

Não existe Orishá sem folhas
Salve Ossain, Ewé Ô Ewé Assá Assá Ô
Contra a cultura do salto alto, do assalto, do asfalto
A floresta é o Nosso Senhor

A floresta é o Nosso Senhor [4]



Emmanuel 7 Linhas