quarta-feira, 5 de novembro de 2014

### DEMÔNIO SÃO ####





Assim como o sândalo perfuma o machado que lhe feri
Fui desmascarado por mim mesmo: Minha natureza é má!
Escrevejo para de-monstrar o quanto sou ruim sendo eu mesmo
Ao mínimo não mais me obrigo a esconder
O mar de egoísmo com o qual me movo, nadando a braçadas

Sou eu o cerne do meu sadismo
Ninguém tem culpa de nada
A minha crueldade é tamanha que me surpreendeu
Não reclamaria se o machado da justiça ceifasse meu pescoço

Meu espírito nunca existiu
Por mais que um labirinto de espelhos eu refletisse a filosofia vã
Acordo pela manhã sempre insatisfeito
Rezo a noite por covardia

Nunca entendi bem a preguiça em tentar ser melhor
E minha solicitude em parecer ser bom
Agora todos os espinhos se encaixam
Percebo o quanto tentei disfarçar meu podredor, meu fel, minha navalha afiada

Sou tão qual leviatã
Filho do Pai da mentira
Fraco como o fio da verdade
Que nos une a esperança do amanhã

A irresponsabilidade da vontade
Quis ser bom de coração
Pisando em delicadezas da ilusão
Mascarando o meu descuidar com quem me amou

Tudo se acabou, ao tempo que nada existiu
Nem farsa, só gélida e tácita crueldade
Para o louco o normal diz: farsa!!
O sol podia me facilitar o trabalho se suicidando

Tive tudo mesmo sendo cáustico
Vazio de sentidos e piedades
Ainda tenho medo da morte e me dou o luxo de pagar as contas
Peço desculpas e ajudo os pobres

Sinto pouca culpa
Solidão
Assino com seu sangue minha rúbrica
Bálsamo sagrado do inferno dos que nunca são



Emmanuel 7 linhas


foto: Tati Hauer 
Show Pó de Ser Emoriô / Festival de Inverno de Domingos Martins - ES 
Maquiagem: Samir Oliveira

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