sábado, 15 de dezembro de 2018

MÁGOAS DE AÇO


MÁGOAS DE AÇO
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É pino, é pedra, é o fim do caminho
A vida é um soco, apanho sozinho
E com caco de vidro me assaltam ao sol
Mas de noite me prendem ao portar pinho sol
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É veneno no campo, é roubo de madeira
Desmatar, sangrera, gosto de pau-pereira
Madeira de reserva, monocultura na beira
É um esquema profundo, de supremo à empreiteira
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Quem prende tá roubando, só aumenta a cegueira
Superfatura no pão e ao comprar petroleira
É a chuva sumindo ou transbordando ribeira
Entupindo o bueiro com lixo da rabeira
Sem pé, sem chão, viver não é bobeira
O povo tá nas mãos de ladrões de primeira
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Tiros cortam o céu, nas paredes, no chão
Meninos de uniforme, guarda-chuva nas mãos
É o fundo do poço, é o fim do caminho
Na presidência o desgosto, cabeça-passarinho
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Me estrepe, seu prego, perdemos o trem no ponto
De ser país do futuro, agora to sem um conto
É o ladrão ladrando, é o capeta pregando
Não tem luz da manhã pra quem tá se afogando
É emprego sumindo, é o fim da picada
Se matar de cachaça, o melhor na quebrada
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Moradores sem casa, papelão vira cama
Crack é seu rivoltril, tá na lama, tá na lama
É um salto, é uma ponte, suicídio ou divâ?
É um cacto no palco, tanta beleza vã
São as mágoas de aço abrindo o verão
É matar-se da vida sempre à prestação
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É um nazi, é um monstro, estuprando a fé
O pobre de direita dando tiro no pé
São as mágoas de aço abrindo o verão
É matar-se da vida sempre à prestação
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É pino, é pedra, é o fim do caminho
A vida é um soco, apanho sozinho
É um salto, é uma ponte, suicídio ou divâ?
Morte em nosso horizonte, o demônio e seu clã
São as mágoas de aço abrindo o verão
É matar-se da vida sempre à prestação
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Emmanuel 7Linhas
15.12.18

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